Dados do Trabalho


Título

VARIAÇÃO DO DESEMPENHO ESPORTIVO DA POPULAÇÃO FEMININA FRENTE ÀS OSCILAÇÕES HORMONAIS DO CICLO MENSTRUAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Introdução e Objetivo

Nas últimas décadas, observou-se um aumento da participação feminina nos esportes, sobretudo em competições de alta relevância. Nesse sentido, pesquisas buscam esclarecer como as oscilações de níveis hormonais influenciam o desempenho na atividade física, entretanto, somente 4 a 13% dos trabalhos que abordam efeitos do exercício físico focam somente em populações femininas. Nesse contexto, convém que haja mais estudos tangentes a essa população a fim de gerar novas evidências acerca do assunto em questão. Por isso, este trabalho visa mapear a literatura com o intuito de ilustrar o conhecimento atual a respeito da relação entre o ciclo menstrual (CM) e o desempenho esportivo.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura feita em 2024 a partir de busca de artigos científicos publicados entre 2019 e 2024 nas bases de dados Medline, Lilacs, Wprim e Ibecs (via BVS) e PubMed com os descritores “Esportes” e “Desempenho Físico Funcional” conectados pelo operador booleano “OR” e unidos ao descritor “Ciclo Menstrual” pelo operador booleano “AND”, em inglês e em português. Foram extraídos 2.548 artigos, dos quais 326 obedecem aos critérios de inclusão de serem metanálises, ensaios clínicos randomizados ou revisões sistemáticas, de modo a serem excluídos estudos de caso, estudos observacionais e retrospectivos. Desses 326, apenas 5 foram considerados relevantes e pertinentes ao objetivo proposto.

Resultados

Conforme uma revisão sistemática, mulheres sedentárias têm o pico de torque isocinético dos músculos extensores e flexores do joelho consideravelmente maior durante a ovulação que em outras fases. Além disso, um estudo comparou o desempenho físico e a composição corporal em mulheres jovens eumenorreicas nas fases folicular e lútea. Nele também foi constatado um maior percentual de gordura corporal na fase lútea, o que piora o desempenho esportivo nessa etapa. Ainda houve um melhor desempenho na prova de resistência durante a fase folicular, possivelmente devido a uma ação estrogênica redutora dos níveis de lactato plasmático. Uma metanálise comparou o desempenho físico de mulheres que usam anticoncepcionais orais (ACO) e o de mulheres que menstruam naturalmente. A probabilidade de vantagem física com o uso de ACO é quase nula, e, por outro lado, foi observada uma vantagem moderada nas eumenorreicas. Outro estudo mostrou que, na fase folicular, devido à maior produção de estrogênio, que possui um efeito neuroexcitatório, pode alterar positivamente o desempenho esportivo em provas de resistência, logo, há uma redução na performance durante a fase lútea quando comparada à fase folicular. Contudo, uma metanálise que abordou 78 estudos concluiu que as evidências a respeito dessa variação de desempenho dependem de algumas características amostrais. Além disso, as variações de performance na prática tenderam a não causar diferença significativa no cotidiano das mulheres entre os estudos produzidos.

Discussão

A ovulação parece ser o momento mais favorável para a contração isométrica dos músculos flexores e extensores do joelho. Durante treinos aeróbicos de resistência, a fase folicular parece favorecer o desempenho devido à concentração de estrogênios mais alta. Além disso, variações artificiais no CM com o uso de ACO não implicam em vantagem esportiva.

Conclusão

Assim, mulheres na fase folicular, com maiores níveis de estrogênio, e na ovulação possuem uma melhor performance esportiva. Algumas ações desse hormônio que interferem na atividade física são o aumento do torque isocinético dos músculos extensores e flexores do joelho e o aumento da resistência à fadiga por efeitos neuroexcitatório e redutor de lactato. Portanto, o CM, através das flutuações hormonais, embora modestamente, desempenha diversos papéis e influências na vida feminina, inclusive na realização de exercício físico.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de Uberaba - Minas Gerais - Brasil

Autores

Heitor Silva Fernandes, Álvaro Ananias Couto Campos, Vitor Pegorer Bilharinho, Isadora Borges Oliveira, Ana Paula de Sousa Machado