Dados do Trabalho


Título

FRATURAS POR AVULSÃO DE ESPINHA ILÍACA ÂNTERO-INFERIOR EM ATLETAS ADOLESCENTES MASCULINOS: UM ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS

Introdução e Objetivo

Introdução: As fraturas por avulsão da espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI) decorrem do destacamento do osso resultante da tração exercida pelo tendão do músculo reto femoral ali originado. Essas lesões, raras, são mais comuns em atletas jovens, devido à imaturidade do esqueleto ósseo, tornando a apófise mais frágil em relação ao tendão. Seu mecanismo envolve um trauma indireto sobre a região, causada pela contração súbita e repetitiva do músculo.
Objetivo: Relatar um conjunto de casos de atletas adolescentes que tiveram fratura por avulsão da EIAI.

Casuística e Método

Casuística: três casos de fraturas por avulsão da EIAI em atletas jovens, evidenciando a vulnerabilidade dessa região em indivíduos em crescimento. Método: Baseia-se em prontuários, bem como revisão bibliográfica do assunto.

Resultados

(1) Masculino, 14 anos, atleta de natação. Relata dor na coxa e região inguinal direita após chutar uma bola. Dor à palpação de tendões adutores e à adução contra-resistência, diminuição da mobilidade de quadril, queda da pelve à esquerda no agachamento e redução do equilíbrio e propriocepção. Afastou-se do esporte e iniciou fisioterapia. Após 8 semanas, raio-x evidenciou consolidação da fratura. (2) Masculino, 12 anos, atleta de tênis. Refere dor no quadril direito há 2 semanas após chutar a bola. Exame físico normal. Raio-x mostrou fratura por avulsão da EIAI. Após repouso por 2 semanas, imagem mostrou consolidação da lesão. (3) Masculino, 17 anos, atleta de futebol. Relata dor em EIAI esquerda há 2 meses, após campeonato de futebol. Dor leve à palpação da região. Após 22 dias em repouso, apresentava-se assintomático e com imagem demonstrando calcificação da fratura.

Discussão

As lesões esportivas da pelve são mais comuns em jovens, principalmente do sexo masculino, em torno de 14 anos, devido à ossificação pélvica incompleta. Elas podem ocorrer devido à contração abrupta, tração passiva, aceleração e estresse muscular repetitivo dos músculos ali originados. Sabendo que a apófise é uma estrutura mais frágil, o estresse repetitivo sobre essa estrutura - decorrente de contrações repentinas e fortes do músculo reto femoral na EIAI, como no futebol - pode levar à sua avulsão. Os sintomas se dão por dor intensa na região da pelve, edema, limitação funcional e equimoses. Já as complicações são: perda de força, fixação deslocada, pseudoartrose dolorosa e formação de exostose. O tratamento, normalmente, é conservador, com uma fase passiva, que consiste em repouso, gelo, uso de analgésicos, restrição de carga e afastamento da atividade física por um período médio de 8 semanas; fase ativa, sendo o retorno gradual por meio de reabilitação funcional com foco em alongamentos e fortalecimento muscular, por um tempo de 4 a 16 semanas. Mas, vê-se que os 3 casos acima retornaram aos seus esportes antes desse tempo médio previsto. Por fim, se a avulsão for maior de 3 centímetros e/ou apresentar lesão neurovascular associada, indica-se reparo, redução aberta e fixação para evitar deformidades.

Conclusão

Fraturas por avulsão de EIAI são comuns em atletas jovens, pois ainda não completaram o processo de ossificação. Com isso, o trauma repetitivo ou súbito e intenso decorrente dos exercícios na musculatura ali originada facilita a avulsão, sendo o movimento de chute no futebol a principal influência na natureza da lesão, como nos três casos citados acima. A sintomatologia se resume à dor local e limitação funcional do membro acometido, e o tratamento é, em geral, conservador com bons resultados, permitindo retorno precoce do paciente ao esporte. Portanto, evidencia-se a importância de conhecer o quadro clínico para fazer um diagnóstico e tratamento precoce, uma vez que, dessa forma, é possível evitar complicações que poderiam levar, inclusive, a deformidades e limitação funcional permanentes. Assim, é fundamental manter um acompanhamento multiprofissional, objetivando, essencialmente, o retorno mais breve possível à prática de esporte.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Amanda Cortes Molon, Pamela Rech, Stefanie Daiane Schmidt, Vitor Lamb Bueno, Arthur Sardi Martins, Gabriel Lopes Amorim